Cosmética Natural: Conceito, Origem e Benefícios

Nos últimos anos o interesse e procura pela cosmética natural aumentou significativamente. Por um lado, os crescentes movimentos «healthy lifestyle», «vegan» e «ecofriendly«, por outro lado, o aumento de doenças de pele de carácter atópico, inflamatório, auto-imune e cancerígeno, levam à procura da cosmética natural e de cuidados de pele isentos de químicos de síntese, que se têm demonstrado, muitos deles, prejudiciais à saúde.

Estudos com parabenos em animais, químicos de síntese utilizados como conservantes na cosmética convencional há mais de 70 anos, mostraram que estes se podem comportar como substâncias disruptoras do sistema hormonal, embora não verificado nas doses utilizadas na cosmética (até 0,2%). Tal facto associado à verificação científica de que este químico se encontra no tecido mamário com cancro, leva a preocupações relacionadas com o seu consumo, quer na cosmética, quer na alimentação.

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Cosmética Natural: o que é?

Não existe uma definição legal de cosmética natural, mas a cosmética natural certificada é obrigada a mencionar a percentagem de ingredientes de origem natural que contém. A Cosmos, entidade que certifica a cosmética natural em Portugal, considera ingredientes de origem natural a água, os minerais, os extratos herbais e os químicos de síntese provenientes de processos sustentáveis ou que geram substâncias biodegradáveis. Não são considerados naturais os ingredientes de origem petroquímica, os conservantes e os agentes desnaturantes.

Origem da Cosmética Natural

A Cosmética Natural remonta há 5000 anos atrás, onde eram utilizados a gordura animal e os óleos vegetais nos cuidados da pele. A limpeza da pele era feita com a farinha dos cereais adicionada de leite. O sabão era encontrado na Natureza aquando do sacrifício dos animais em altar de madeira, por ação das cinzas da madeira com a gordura do animal. Este sabão era utilizado pelas mulheres para lavar a roupa e a loiça.

O conceito de higiene e beleza foi implementado pelos Egípcios e Romanos, sendo os Romanos o primeiro povo a produzir sabão e o primeiro creme à base de azeite e cera de abelhas. No final do século XIX surgiu a síntese química de hidróxido de sódio e o uso de sabão tornou-se acessível a todos e uma prática médica para controlar as pestes.

Já no século XX o culto da beleza intensificou-se com a indústria cinematográfica e a emancipação da mulher. Surgiu a maquilhagem e o protetor solar. Durante a revolução industrial a técnica de fazer sabão com hidróxido de sódio e gordura vegetal foi substituída pelo uso de tensioativos como o lauril sulfato de sódio…e surge assim o gel de banho!

Cosmética Natural certificada: o que é?

A cosmética natural certificada assegura a ausência na sua composição de parabenos, ingredientes OGM, nanomateriais e substâncias consideradas mutagénicas e/ou que causam alterações no aparelho reprodutor. A cosmética natural proíbe, regra geral, o uso de substâncias de origem petroquímica, exceto quando não existe alternativa.

Porque é que a Cosmética Natural Certificada contém tantos químicos?
  1. Por questões económicas. Os químicos de síntese são, regra geral, menos honorosos. Por exemplo, atualmente a COSMOS aprova o uso de ácido sórbico e do ácido benzoico como conservantes, bem como dos seus derivados, obtidos por síntese química, com um custo associado inferior comparativamente aos óleos essenciais, tradicionalmente usados como conservantes.
  2. Por questões de produtividade. É mais rápido produzir sabão com cocoamidopropilbetaína, tensioativo de síntese química aprovado pela COSMOS, do que utilizando a técnica de saponificação tradicional utilizada na cosmética natural;
  3. Por questões de industrialização. Sendo que a cosmética é produzida à escala industrial, é formulada de modo a ter um período de validade superior a 30 meses, o que requer maior uso de conservante e estabilizante na formulação;
  4. Por questões de formulação. Sendo que as formulações preferidas pelo consumidor são as emulsões, estas requerem o uso de emulsionantes e estabilizantes, sendo mais eficazes os de síntese química;
  5. Por questões de fiabilidade do consumidor. As emulsões são formulações com duas fases, ou seja, uma fase aquosa e uma fase oleosa, portanto imiscíveis, à semelhança da água com o azeite. A adição de emulsionantes e  estabilizantes (aditivos) torna as duas fases miscíveis adquirindo um aspeto homogéneo muito apreciado pelo consumidor.
A Cosmética Natural é possível sem químicos de síntese?

Sim, usando métodos tradicionais de produção. O futuro da cosmética natural é a cosmética fresca, ou seja, produzida pelo consumidor com ingredientes frescos de fácil aquisição, de forma fácil e eficaz, usando técnicas muito semelhantes às da culinária. O ser humano será mais auto-consciente e dominará todos os saberes do seu bem-estar…e será um ser humano mais vital e saudável, em harmonia com o meio ambiente. A Tecnologia verde dará provas da sua eficácia, nunca inferior à das tecnologias patenteadas, apenas menos lucrativa.

A Cosmética Natural sem químicos de síntese é eficaz?

Sim, claro. A pele é um órgão que necessita de água, aminoácidos, ácidos gordos, açúcares, minerais e fitoativos facilmente encontrados na Natureza. Na cosmética natural os ingredientes são de origem natural e mais facilmente absorvidos pela pele no seu metabolismo de síntese de proteínas, lípidos, ceramidas e glucoaminoglicanos.

Como pode aprender a fazer Cosmética Natural?

No Instituto de Medicina Integrativa, temos o Curso de Cosmética Natural- E-Learnig (30h), certificado pela DGERT, que poderá preparar os seus cosméticos em sua casa, de forma fácil, eficaz e económica, beneficiando dos efeitos de uma cosmética mais fresca, nutricionalmente mais ativa e verdadeiramente isenta de químicos de síntese. Irá utilizar ingredientes naturais e biológicos e aprender técnicas cosmecêuticos que não emitem poluentes ou desperdícios para o meio ambiente, sendo assim uma cosmética mais sustentável e zero waste.

 

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Artigo escrito por Dra. Sara Ferreira, Farmacêutica, Formadora na área da Cosmética Natural.

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