[:pt]
“Podemos viver vários dias sem comer e alguns sem beber, mas sobrevivemos somente poucos minutos sem respirar. O ar é o nosso principal alimento, a sua ausência priva-nos de vida e a sua insuficiência causa graves doenças.”
Respiramos aproximadamente 20 000 ciclos respiratórios por dia. Quer estejamos acordados ou a dormir, nunca deixamos de respirar. A respiração é de tal forma importante na nossa vida que se inicia com o nascimento e termina com morte. Mas na realidade, que importância lhe damos? Passamos uma vida inteira sem ter consciência de como respiramos! Respiramos pela boca, pelo nariz, ou por uma só narina? Respiramos pelo abdómen ou pelo tórax? Temos consciência de como a nossa respiração se torna mais rápida, superficial e tensa quando estamos stressados ou preocupados? Pelo contrário, quando relaxamos ou meditamos ela torna-se lenta, profunda e fluida. Assim sendo, a forma como respiramos tem efeitos a nível físico, emocional e mental.
Apesar de podermos dizer que o ar que respiramos é composto aproximadamente por 79% de nitrogénio e 21% de oxigénio, ele também contém na sua constituição dióxido de carbono, vapor de água e outros gases e substâncias em pequenas quantidades.
O ar que respiramos na serra, no campo e no mar é bem diferente do ar que existe nas grandes e poluídas cidades. Praticar regularmente exercícios de respiração consciente à beira-mar, na serra ou no campo, energiza-nos e sacia-nos de vitalidade, sendo benéfico para a nossa saúde.
É através da respiração que o oxigénio entra no nosso corpo e liberta o dióxido de carbono nocivo produzido pelas células.
A respiração não se baseia somente no ato de inspirar e expirar, nem na simples troca de oxigénio e de dióxido de carbono entre o corpo e o ar atmosférico. A respiração é uma verdadeira orquestra que, em exata coordenação, envolve o cérebro, as vias respiratórias, os pulmões, o sangue, os vasos sanguíneos, o coração e os músculos respiratórios.
Tal como uma orquestra, a nossa respiração adapta o seu ritmo às diferentes necessidades, isto é, a frequência respiratória normal é cerca de 12 ciclos/minuto mas, quando necessário, pode chegar aos 50 ciclos/minuto. Por outro lado, o volume de ar inspirado ou expirado a cada respiração normal é de aproximadamente 0,5L mas pode atingir 4,6L.
É importante também ter em conta que a respiração é um dos principais mecanismos de controle do Ph sanguíneo. À medida que aumentam os níveis de dióxido de carbono no sangue, são produzidos ácido carbónico e por sua vez iões de hidrogénio, que tornam o Ph mais ácido. Por outro lado, sabemos que a acidez do sangue tecidual é extremamente maléfica para a saúde sendo acompanhada de inúmeras doenças.
O estilo de vida, a alimentação e a forma como respiramos têm influência no nosso Ph. E a respiração é a forma mais rápida de influenciarmos o Ph sanguíneo.
E apesar da nossa respiração ocorrer de forma automática, sendo controlada pelo centro respiratório no tronco cerebral, devemos adquirir consciência dela e desenvolver controlo sobre a forma como respiramos.
A importância de respirar pelo nariz
- Devemos inspirar e expirar pelo nariz. Excecionalmente, podemos expirar pela boca em alguns tipos de respiração.
- O ar ao passar pelo nariz é aquecido, filtrado e humedecido. Além disso, o nariz contém sensíveis terminações nervosas olfativas que comunicam diretamente com o bolbo olfativo na base do cérebro e com o sistema límbico, responsável pelas emoções.
Segundo antigos yoguis, as terminações nervosas olfativas das fossas nasais são o principal órgão de absorção do prana da atmosfera, ou seja da energia vital que existe no ar que respiramos.
Médico e Diretor do Instituto de Medicina Integrativa
in Revista INSIGHT, Maio 2013
[:]